15 de dezembro de 2010

A Wikileaks democratiza a democracia

 O primeiro-ministro português, José Sócrates, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, autorizaram que o território nacional fosse sobrevoado por aviões norte-americanos com prisioneiros repatriados da prisão de Guantánamo, e a utilização da base aérea dos Açores nestas operações, revela o “El País” na sua página na Internet.

Isto só vem provar que, mais uma vez, a Wikileaks e o seu fundador Julian Assange são perseguidos porque põem em questão os interesses da classe que está no poder. Se não fosse Assange, até hoje podiamos bem acreditar na palavra de Sócrates, que garantiu não terem sido autorizadas quaisquer passagens de prisioneiros de Guantánamo por Portugal. Sócrates mente com todo o descaramento, rindo-se da nossa cara, rindo da cara de quem votou nele, cuspindo na cara dos críticos dentro e fora do PS, como a Ana Gomes. E não tem vergonha. É isto um Estadista. É isto a Estabilidade.

Também queria acrescentar algo que me parece relevante e que veio à tona com as recentes fugas de informação divulgadas via Wikileaks. As Relações Internacionais e a diplomacia de hoje não correspondem minimamente à sua respectiva área académica. O Imperialismo está a ser posto em causa por um actor completamente novo, que não faz parte da tradição das RI. E é um actor que está a colocar em questão todo o sentido de Estado vomitado milhões de vezes por professores, comentadores, opinion-makers encartados e de meia-tigela que repetem a mesma cassete. O pluralismo, a liberdade de expressão é esmagada todos os dias, com informações importantes filtradas porque temos orgãos de comunicação social ora controlados pelo Partido no poder, ora controladas por grupos económicos. E mesmo que estes grupos não se revejam no Partido que governa no momento, não permitem que "certo tipo" de informações seja divulgado.

E que o Governo caia, que caia com grande estrondo,  que faça muitos feridos, só assim podemos rebentar com o consenso podre desta espécie de democracia que nos vendem entre spots publicitários.
Porque a única estabilidade que a burguesia defende de facto, é a do pé que nos pisa, cujo equilíbrio só é posto em causa pela liberdade e pela democracia.


Uma grande, enorme salva de palmas para a Wikileaks.

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