5 de agosto de 2011

ainda se lembram do sócrates?




foram 6 anos com ele e soube sempre que jamais iria esquecê-lo. dia após dia, a memória dele embriagava-me os nervos, juntava-me com as amigas para saber as novidades, procurava onde podia informações que me esclarecessem acerca do modo como a vida dele corria. até a vida profissional do rapaz, imagine-se, eu segui atentamente. não sei se era um amor, mas procurava o olhar dele em busca de um abrigo. foram 6 anos de convivência, de comentários, de ilusões colectivas e de desgostos meus, de peitos feridos e de peles rasgadas. a sua cor sadia, o seu sorriso terno. oh, eu não sei se o idealizava, se me afogava em memórias. 6 anos de convívio. e, de repente, parece que o sócrates foi esquecido, que não enlevou estas terras, estas vidas, com o porte sedutor que o passos jamais terá. esquecido como se não tivesse sido nada, como se tivesse sido só uma ilusão. ilusão, sim, e apenas, como se todas as passadas cenas e recordações amenas tivessem sido riscadas por nova paixão. mas eu não traio assim quem faz vida comigo durante 6 anos e não esqueço tão depressa. não esqueço nada. e confesso até que já estou um bocadinho farta do passos. quanto ao sócrates, custa-me um bocado o que lhe fizemos. foi finalmente para paris, terra do amor, mundo de fantasias, ouvir umas histórias sobre o seu homónimo, não deixando mais que este pequeno país à beira-mar plantado perturbe o seu desenvolvimento, ainda que digam que o sócrates é que perturbou o desenvolvimento de portugal.

mas estou triste. sinto que o sócrates fugiu assim de mim, como se eu não lhe tivesse dado atenção diária, como se jamais me tivesse deleitado com os discursos que ele fazia, de fato e gravata, que até parecia um doutor. e custa-me que este meu pequeno tesouro não fique pela terra de camões para ter a ideia concreta do que as suas belas ideias criaram, sendo precursoras deste arrombo neoliberal que vivemos e para sentir que, afinal, não está assim tão esquecido.

eu, pelo menos, jamais esquecerei o sócrates, que o amor comigo não brinca. mas chateia-me, oh se me chateia, que se tenha posto a andar para o país do balzac como se eu nunca tivesse tido qualquer importância na vida dele. ainda por cima, deixou-me com cromos como o passos, o portas e o crato. eles pioram dia após dia. pelo menos com o sócrates, tantos anos de convivência, eu já sabia bem com o que contava.

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